Arquivo do autor:Acacio Rocha Dias

O Mestre Interior está dentro de ti

Mestre InteriorPrimeiro princípio:

Sua vida não representa a vida real.

Para dimensionar o poder que está acima da morte, devemos compreender, em primeiro lugar, que a sua vida não representa a vida real. Vive-se em uma bolha. Herdada em grande parte de sua família, tradições, conhecimentos, crenças, religiões, temores, preconceitos, superstições, opiniões e pontos de vista. Tudo isso complementado pelas vivências de sua própria vida.

Se analisarmos com cuidado, nos daremos conta de que somos um subproduto do que outros pensaram, disseram e fizeram por você em seu lugar, sem se questionar se seus conceitos, suas religiões e suas crenças estão de acordo com a verdade, ou de acordo com o contexto sociocultural.

Você já se perguntou quais seriam suas crenças se tivesse nascido na Jordânia, em Israel, na Índia ou no Tibete? Provavelmente seriam muito diferentes das que você tem agora. O que lhe faz diferente é o pacote de crenças que depositaram em sua mente. Você pensa com o que você sabe e diz o que pensa, mas a informação que há na sua mente foi estrategicamente colocada ali no decorrer da sua vida, desde que você era uma criança.

Você interiorizou conceitos que são parte de suas crenças mais profundas e que você nunca questionou, assumindo 100% de sua veracidade, somente porque todos assim o creem. Por isso, seu mundo se transforma naquilo que você estuda. Você ensina o que lhe foi ensinado, em um sistema de educação sem fim que, a todo custo, busca lhe uniformizar para os seus propósitos. Quando o uniforme anuncia uma virtude ausente, você se veste do que faz falta no teu interior e tudo o que você diz são conceitos emprestados, que você leu em algum livro ou escutou de alguém que encontrou em um livro, esquecendo que somos um ser inteligente, individual e que a sua identidade não está limitada a conceitos de intelectuais que já estão mortos, assim como seus conceitos que, de maneira alguma, nos trouxeram soluções sobre a nossa existência.

Ou acaso você faz parte daqueles que acreditam em um planeta desenhado para uma vida que cumpra única e exclusivamente o ciclo dos animais: nascer, crescer, reproduzir-se e morrer? O sentido de sua existência é infinitamente grande, tão grande que você não imagina, mas não se preocupe. Você não tem culpa, pois você ignorava esse fato.

Sua realidade na bolha não passa de um conjunto de programações mentais impostos, grandemente adquiridos através dos meios de comunicação, que lhe impedem de pensar com clareza. Por isso você não aceita o que não se encaixa em sua bolha. E, na maioria dos casos, você não concorda com a bolha dos demais. Por isso a humanidade está dividida e sempre estará. Ao mesmo tempo que temos um estado de consciência coletiva, a arrogância não lhe deixa ver uma saída da sua bolha limitada e conformista, porque todos creem que têm razão e a têm, mas somente dentro de sua própria bolha. E é mais fácil rejeitar do que compactuar.

 

Segundo princípio

Cada homem é a medida de sua verdade. A verdade é um termo muito prostituído e muitos a atribuem como própria. Você deve compreender que cada um tem a sua própria medida de verdade dentro de si. É sua, e somente sua, responsabilidade achá-la e, esta, por sua vez, conserva um compromisso infinito com o seu ser, mas sempre escutará ao tolo, ao medíocre dizendo: eu estou bem assim, não preciso de mais, minha vida é boa. Falsa ilusão, a forma diminuta de visualizar-se dentro da criação.

Isso que você chama de vida é seu cárcere, por mais cômoda e formosa que seja. E assim você se considera diferente, independente, se seguir dentro dela. O pior de tudo é que você não se dá conta de que, quando seu interior, através de sua mente, consegue se libertar, então vem o entretenimento. Se ainda assim não é suficiente, lhe enchem de vícios e lhe fazem crer que isso é viver a vida e que diversão é sinônimo de felicidade. E na outra parte do tempo, você se põe a perseguir um mundo de ilusão que a sociedade lhe impõe para que você se considere alguém que valha a pena. Um sonho que você aceitou e busca a todo custo como a maior meta a cumprir dentro dos 60 ou 70 anos que, com sorte, poderia viver, deixando de aproveitar o tempo valioso que você recebeu para encontrar sua verdadeira identidade que, de maneira alguma, está ligada ao corpo físico. Ela está ligada a uma eternidade espiritual que você não conhece por ser vítima inocente de uma manipulação que manteve você e outros como marionetes inertes em toda história da humanidade. Por isso, você deve se importar, se em nenhum momento da sua vida você se perguntou: quem sou eu? De onde venho? Para onde vou?

O simples fato de você estar vivo e fazer parte deste planeta lhe torna responsável por encontrar sua identidade espiritual, onde a morte não governa e não tem poder sobre você. A verdade que ninguém pode atribuir como própria, a verdade que sempre será clara, lúcida, brilhante e pura.

 

Terceiro princípio

Que sua busca seja límpida e sã dentro de você. Sua busca será estéril enquanto você continuar buscando nos conceitos e crenças de sua bolha, porque você está buscando no lugar equivocado. O poder que está acima da morte está, esteve e sempre estará no mesmo lugar em que sempre esteve: dentro de você, no seu interior, não fora de você.

Está em suas mãos seguir como um tolo, dormindo na ilusão do mundo, ou acionar o mecanismo de sua verdadeira inteligência. Para sair de sua bolha e encontrar a resposta para todas as perguntas universais, as religiões fizeram o que tinham que fazer para sobreviver, agora já estão agonizantes. Já não têm espaço para fábulas de paraísos e purgatórios, dos traficantes da fé.

Está próxima a ruptura com tudo o que foi estabelecido como verdade imutável. Isso já se iniciou, mas acontecerá de maneira individual, no momento em que você compreende a lógica da compreensão universal. Perante a inegável verdade que brinda a inteligência, não a crença; a inteligência que vai conter a argumentação desgastada e batida dos tolos e ignorantes, cegos, guias de cegos. É só rever uma nova realidade, que só se pode ver com os olhos da inteligência.

Aqui está a verdadeira batalha que você deve lutar, a que vence a ignorância e derrota o fanatismo. Você tem mais valor do que o que você percebe, você sabe mais do que você estudou, você é mais que uma crença, você é um ser universal.

É hora de começar a despertar de seu mundo de ilusão e de abrir a porta ao conhecimento da majestade criadora e ao amanhecer dourado que está por vir ao nosso planeta. Busque o conhecimento, que é o princípio da sabedoria. Você não pode fazer e sem fazer vocênão pode chegar ao ser. Quando você reconhecer,em você mesmo,o poder que está acima da morte, você irá se preparar para o inevitável clarão que chegará ao planeta.

Muitos não entenderão agora, mas isso acontecerá quando estes quiserem enfrentar em sua própria hora, mas terão perdido um tempo valioso. E que você siga, não caia no erro de querer saber tudo, desprezando conhecimentos novos que lhe aparecem. Isso é uma ação negativa da inteligência que não deve prosperar em você.

Chegou o momento de tirar a venda dos olhos.

Tradução de Juliana Kurokawa do vídeo: El Maestro Interior estás dentro de ti

Xamanismo – Segredos da Ayahuasca

Olá, queridos!

Após um longo tempo sem produzir vídeos documentários, aqui estamos nós novamente!

O vídeo ficou maravilhoso! Nele vamos falar sobre nosso caminho espiritual que mais apreciamos: o Xamanismo.

No papo de hoje conversamos com Willian Tello, historiador e responsável pelo Instituto Espiritual Xamânico Flor de Lótus, aqui de São Carlos, do qual também participo.

Todos os segredos e mitos serão desmistificados, de maneira que todos possam conhecer claramente, com informações científicas, espirituais e de experiências pessoais também, além de trechos gravados de rituais reais nos institutos mais sérios da região.

  • O que é Ayahuasca?
  • Qual seu efeito e como ele é manifestado no corpo?
  • Quais são os efeitos e benefícios sobre a vida pessoal de quem o comunga?
  • Quem pode usar e como é seu uso espiritual?

Essas e outras questões serão respondidas no vídeo abaixo:

Não se esqueçam de curtir nossa página e cadastrar seu email em nossa lista para receber as atualizações em primeira mão.

Créditos pelo vídeo do preparo do chá: Leandro Negro, do canal https://www.youtube.com/user/LeandrocNegro

Abraço a todos

Acácio

O que você quer ser quando crescer?

o que você vai ser quando crescerQuando éramos crianças, quantas vezes nos fizeram a pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. O fato é que, ao nascermos, já SOMOS completos. Somos seres perfeitos, feitos à imagem e semelhança de Deus. Os adultos não se dão conta de que é na infância, enquanto estamos ainda na fase da inocência, da mais singela pureza, que estamos mais próximos de nosso espírito. As crianças já nascem perfeitas e estão em harmonia com o Universo no momento em que chegam ao mundo material.

Se pararmos para pensar, nossa pergunta sobre o que a criança pretende ser ao crescer está baseada na crença da escassez, à qual estamos tão enraizados. Ou seja, ela embute o pensamento de que somos incompletos, e que ainda temos um longo caminho pela frente para conseguirmos “ser alguém” no futuro, quando, na verdade, temos tudo o que precisamos para sermos completos agora!

Fomos todos educados e criados por adultos. Adultos que, ao longo de sua jornada, perderam sua espontaneidade, inocência e pureza que lhe eram tão naturais. Aos poucos, conforme vamos construindo nosso ego através do contato com o mundo externo, começamos a perder essa espontaneidade para nos tornarmos adultos racionais. Deixamos de ouvir nosso coração, e passamos a dar total atenção à nossa mente.

E, considerando que a criança está mais próxima do Criador, gostaríamos de trazer a reflexão do que é ser criança.

A pergunta tão banalizada, e talvez à qual damos pouco significado, carrega consigo as lentes pelas quais a maioria de nós enxerga o mundo. Entender o significado de ser criança pode nos fornecer elementos para que consigamos viver de forma mais plena e com leveza. E, se temos que esperar crescer para sermos alguém, isto significa que estaremos sempre esperando um tempo futuro, onde nossos sonhos se realizarão? E o que estamos fazendo com o momento presente que nos é dado?

Vocês já notaram como as crianças vivem intensamente o momento presente? E o que é viver o momento presente? Todos nós nos recordamos daquelas famosas palavrinhas de criança: “de novo, de novo!”. Sabem por que não conseguimos compreender a alegria que as crianças sentem ao ouvir as mesmas histórias ou fazer a mesma brincadeira repetidas vezes? Porque vivemos os momentos da nossa vida baseados na experiência passada ou na expectativa de um momento futuro. Você já observou como uma criança brinca repetidas vezes da mesma coisa e encontra alegria em cada uma delas? Ela entra no mar e pula cada onda como se fosse a primeira. A criança olha para o mar, sente seu cheiro, ouve seu tão conhecido barulho, sente a água em seu corpo, pula e se diverte a cada onda como se aquela fosse a única vez em que ela havia feito aquilo. Se pararmos para pensar, essa realmente é a única vez que ela pula aquela onda, naquele dia, com aquela temperatura, sob o olhar cuidadoso de sua mãe. Cada momento de nossa vida é único e singular. Nós, adultos, costumamos viver os momentos de nossas vidas de forma relativa: “Não foi tão legal como aquela outra onda.” Nosso momento presente é carregado de sentimentos passados sobre aquela situação, ou de expectativas sobre o que esperamos desse momento em relação aos parecidos que já vivemos. Com isso, perdemos a pureza de viver o momento presente simplesmente como ele é, de forma absoluta e pura.

Assim, ocorre que o adulto entra no mar e imediatamente traz à memória todas as outras vezes em que esteve nele. Não se permite sentir o mar, pois acha que já o conhece. Ou mesmo, enquanto a onda envolve o seu corpo, este já avista a próxima maior e melhor que está por vir. E não percebe que, de maneira triste, ele deixa de vivenciar tudo o que aquele exato momento oferecia para ele. E, quantas vezes, sem compreender que cada momento é único e deve ser plenamente vivido, tolhemos a criança que se diverte? Nos gabamos por sermos multifuncionais, mas será que cada coisa que fazemos não merece atenção e cuidado exclusivos?

Quando recriminamos uma criança que se diverte, estamos, na verdade, recriminando nós mesmos. Temos medo de acolher e vivenciar tudo de bom que nossa criança oferece e não nos julgamos dignos de tê-la dentro de nós. Quantas vezes observamos nossos filhos e já eliminamos a possibilidade de cultivar a espontaneidade deles porque pensamos: “isso é coisa de criança!”. Realmente, faz parte do ser criança. Porém, o que não compreendemos é que também merecemos viver a nossa criança, aquela que está dentro da gente, e receber tudo que ela tem para nos oferecer. No entanto, nos julgamos incapazes de cuidar dela e, por isso, a renegamos. Não aceitamos que também podemos ter acesso a toda essa pureza, pois achamos que isso não faz parte do mundo dos adultos.

O fato, portanto, é que existe uma criança dentro de cada um de nós, mas é necessário nutri-la, é necessário tomar conta dela. Essa criança é a nossa verdadeira essência, ela nos devolve a nossa mente pura, a mente que compreende que tudo o que buscamos é algo que já temos em nós mesmos. Buscamos apenas aquilo que já conhecemos. Não nos contentamos com menos, pois, de alguma maneira, ainda guardamos uma lembrança, um vislumbre de tudo o que, de fato, somos.

E quando deixamos de ser criança? Entendemos que deixamos de ser criança a partir do momento em que começamos a colecionar mais memórias e sentimentos ruins do que bons. É como se andássemos com dois compartimentos: aquele que guarda os momentos que nos são gratos, que nos fazem voltar ao que realmente somos; e aquele que guarda as mágoas, que guarda tudo aquilo cuja lembrança nos faz sofrer. O primeiro é real, nos devolve as partículas do nosso verdadeiro ser e vai nos ajudar a reconstruir a nossa verdadeira essência. O segundo é uma ilusão, que carregamos e suportamos sem nos dar conta de que esse compartimento deveria ser esvaziado todos os dias. Por um acaso, conscientemente, guardamos lixo em nossa casa? Nos livramos dele sempre que possível, não é mesmo? Por que então guardamos lixo no maior presente que recebemos: nossa própria vida? Por que damos tanto peso a esses sentimentos que nos distanciam do nosso verdadeiro ser?

Se todos temos uma criança dentro de nós mesmos, como fazer para que ela permaneça feliz e nutrida? Como fazer para que ela entenda que ela é a única razão de estarmos todos aqui? Como fazer para que ela não seja soterrada por todas as mágoas que tão insistentemente teimamos em guardar?

E qual seria nossa missão perante as crianças com as quais convivemos, principalmente com os nossos filhos? Devemos fazer com que elas se tornem adultas capazes de acolher e nutrir sua própria criança. Que elas sejam leves e conscientes ao armazenar as lembranças e os ensinamentos que recebem todos os dias, a todo momento. Tudo o que vivemos sempre nos traz uma lição, e a lição é sempre de amor, sempre nos recordando de que nossa essência é pura, que nossa única missão é ser feliz e sentir a vida como a criança que um dia fomos. É claro que ser adulto é assumir muitas responsabilidades, mas não precisamos fazer com que isso seja pesado, e que nos distancie da nossa pureza, pois isso faz nossa criança adormecer.

Nesse momento, sugerimos que cada um de vocês pense, com sinceridade, se somos um lugar agradável e aconchegante para acolher a criança que tenta sobreviver em cada um de nós. Estamos dando nosso melhor para que nossa criança esteja acordada e feliz? E, se ainda não somos assim, sugerimos que, ao final de cada dia, façamos um balanço de tudo o que armazenamos dentro de nós mesmos e que descartemos as mágoas e armazenemos gratidão e amor.
Juliana Kurokawa

[Áudio] Retorno ao Pai – Flor de Lótus

Olá, queridos!

Quantas vezes por dia ouvimos músicas, dessas cujas letras não têm mais do que duas frases que se repetem, mas que algumas pessoas fazem questão de colocar no volume máximo?
E quantas vezes por dia paramos para ouvir algum ensinamento que nos seja útil para a vida?

Trazemos hoje o primeiro áudio do nosso grupo, com o intuito de instruir e auxiliar na jornada de cada um.
Escrito e recitado por Juliana Kurokawa.

Aproveitem e curtam o Canal dessa respectiva faixa.

[VÍDEO] Magia e Espiritualidade

Olá, queridos!

Hoje exibimos com alegria o primeiro vídeo do nosso Canal Consciência Una!
O tema de hoje é Magia e Espiritualidade.

Isso funciona?
Existe magia negra e branca?
Qual aplicação podemos fazer da magia em nossas vidas para mudar nossa realidade?
Isso é certo?

Essas e outras questões você verá abaixo na conversa que tive com Vitor Alencar, presidente da ONG Círculo de São Francisco aqui em São Carlos/SP, que ministra trabalhos espirituais com atendimentos apométricos, Reiki, TVI, Captação Psíquica, Yoga, meditação e vários cursos.

Curtam o vídeo e nossa página! Será muito importante para que todos possam conhecer!
Namastê

Acácio

A Responsabilidade sobre a Própria Vida

Ultimamente têm-se falado bastante a respeito do que algumas pessoas chamam de “doenças da alma”. Mais e mais pessoas são acometidas por doenças como depressão, síndrome do pânico, insônia, falta de concentração, dentre tantas outras.

Responsabilidade sobre a própria vidaPor que será que as pessoas, hoje em dia, sentem um vazio tão grande? Por que lhes parece que a vida não tem mais sentido? O que lhes falta? Seria um mal coletivo, até mesmo contagiante, que assombra a sociedade atual?

Para refletir sobre o assunto, vamos começar a discorrer sobre como se forma o ser humano. Passamos, primeiramente, por um período de gestação. A partir do momento da concepção, a natureza começa a preparar o pequeno ser para conhecer o mundo exterior. Durante nove meses, todo seu organismo se forma, a fim de sobreviver no mundo que conhecemos. Seus órgãos começam a se formar e, mesmo antes do nascimento, eles começam a desempenhar seu papel vital.

Ocorre que, diferentemente de muitos outros animais, o ser humano depende totalmente de outro adulto para sobreviver. Sem a ajuda de um adulto, o bebê humano não conseguiria manter-se vivo sozinho. E, nós, com nossa capacidade intelectual e mental que dominam nossas ações, educamos e cuidamos dessa nova vida.

Chegamos ao mundo sem nenhuma consciência do mundo exterior que começa a nos ser apresentado. Através dos sentidos, começamos a explorar todo esse mundo novo que se descortina. Ou seja, o nascimento representa abrir os sentidos para o mundo exterior. A partir de certa idade, quando a criança começa a compreender e interagir com os demais seres humanos, ela começa a criar uma imagem de si mesma com base no que os outros pensam e sentem a seu respeito.

Por exemplo, a criança sente-se digna de ser amada, quando percebe que é amada por sua mãe. Tudo o que a criança faz gera uma reação no outro e, a partir disso, a criança cria uma imagem de si mesma que nada mais é do que um reflexo da imagem que os outros têm dela. Esse é o processo gerador do que chamamos de ego em cada um de nós. O ego assume sua imagem de acordo com a percepção que ele tem do externo e, isso, como veremos mais tarde, nada tem a ver com o verdadeiro ser.

Agora voltemos às doenças da alma. Ao analisarmos a formação do ego, verificamos que é muito desalentador se pensarmos que até mesmo a imagem que temos de nós mesmos foi feita com referência no mundo externo, um mundo sobre o qual acreditamos não poder interferir.  O abatimento contínuo que paira sobre as pessoas que sofrem dessas doenças se deve ao fato de que elas se sentem impotentes diante da própria vida.

Aprendemos a obedecer nossos pais e muitos conceitos nos foram ensinados para que sejamos aceitos na sociedade. A educação que todos nós recebemos foi feita a partir do pensar, do mental e, através dela, muitas amarras e equívocos foram criados em nossa mente e a mais forte delas é o conceito equivocado de que não somos livres, de que temos regras a seguir e o pior de todos: de que nosso destino foge do nosso controle.

Se não temos o livre arbítrio, somos vítimas das circunstâncias, não é mesmo? A verdade é justamente o contrário!

A verdade é que a vida nos apresenta muitas escolhas a todo o momento e, através de cada uma delas, construímos nosso próprio destino. Cada minuto constrói o minuto seguinte e, não seria maravilhoso se vivêssemos cada minuto de maneira consciente? Quão diferente seria nossa vida se nos conscientizássemos de que somos autores da nossa própria história?

Mas, para tomar as rédeas de nossas vidas de maneira construtiva e caminhando em direção à felicidade, é necessário que se tenha consciência de quem realmente somos. É necessário nos libertarmos de nosso ego para começarmos a agir de acordo com quem deveria ser o nosso verdadeiro mestre interior: nosso espírito. E como isso seria possível? Olhando para dentro.

Conhecer a si mesmo envolve conhecermos nossas próprias falhas, aceitá-las, trabalhá-las e transformá-las em qualidades. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e Deus nada mais é do que perfeição. Se temos a perfeição impressa em nosso DNA espiritual, por que não buscamos isso dentro de nós?

A busca da felicidade implica em compreendermos que somos responsáveis por tudo o que acontece conosco, inclusive as coisas ruins. Por isso, quando o ego se vê diante da escolha entre ser feliz ou ser uma vítima, ele escolhe a segunda opção, por não conseguir assumir a responsabilidade sobre os próprios atos.

Colocamo-nos na posição de vítima e, através disso, nos tornamos carrascos de nós mesmos, determinando um caminho doloroso e triste ao invés de encarar nossas falhas e aprendermos com elas.

Para ser feliz é necessário descartar a imagem que temos de nós mesmos, pois essa foi criada com base no mundo externo que, na realidade, reflete apenas o que levamos dentro de nós mesmos. Se criamos o mundo externo a partir do interno, que tal melhorar o maior presente que recebemos?

Diante de tudo isso, dizemos que as doenças da alma são o afastamento do divino que habita em nós. Fazemo-nos impotentes perante nossas vidas a partir do momento em que optamos por fugir de nossa responsabilidade e nos esconder atrás de nossas limitações. As limitações mentais fomos nós mesmos que criamos! Todos nós possuímos a mesma capacidade de sermos felizes!

Então, para que sejamos plenos e felizes, que tal começarmos agora mesmo? Vamos olhar para nós mesmos e buscar o divino em nós. Vamos começar por perceber que a vida está tentando nos mostrar que tudo o que nos acontece é resultado de nossas próprias escolhas. E, já que somos livres para escolher, que tal começarmos por escolher coisas que nos farão mais felizes, mais livres?

Comece por compreender toda a sua trajetória até então. Olhe para o resultado e saiba perdoar e agradecer a você mesmo, já que você é o único responsável pelo ponto onde você se encontra neste exato momento. Reverencie o seu mestre interior e comece por criar mais e mais minutos ativos conscientes em sua vida, pois esses o levarão a ser aquilo que Deus o criou para ser: um ser humano pleno, livre e feliz!

Juliana Kurokawa

Crônica da Menina Pupa

     Não gosto de histórias tristes…
     Choro muito fácil, e por isso, evito até mesmo de assistir a alguns episódios do Chaves.

     Mas hoje, caminhando próximo ao orfanato Folha Verde, vi aquelas crianças a merendar e me lembrei da Pupa. Assim eu chamava aquele pequeno anjo.
     Era uma menina muito fofa. Jamais viu seu pai ou sua mãe. Pesquisei sobre eles, e, ao que tudo indica, eles morreram cerca de um mês depois de concebê-la.
     Eu a conheci logo em seus primeiros dias de vida. Cabia na palma da mão. Era tão linda que me inspirava a cuidar dela. Seus cabelinhos espetados me convidavam a acariciá-la, mas ela parecia tão frágil, que nunca a toquei, pois tinha receio de não fazê-lo com a devida delicadeza e cuidado.
     Era muito calma, e, ao contrário dos outros bebês dessa Terra, não chorava e jamais dava trabalho a ninguém.
     Eu a vi crescer.
     Sempre muito introspectiva e silenciosa, passava seus dias longe dos outros órfãos. Isolada e sem brincar. Fato esse, que a fazia passar despercebida pelos olhares de todos, até mesmo daqueles que deveriam cuidar dela, mas que sequer lhe davam atenção. Mas eu a observava atentamente um pouquinho todos os dias.
     Com o passar do tempo, passou a demonstrar uma certa melancolia. Talvez coisa de adolescente. Ela devia estar sentindo um grande vazio dentro de si, pois começou a comer compulsivamente. Passava o dia e a noite comendo.
     Dentro de pouco tempo ficou rechonchuda, e mais do que triplicou o seu peso, o que lhe fazia andar com dificuldade.
     O tempo continuou a passar, e ela parecia já ter se entregado. Mal andava. Só comia. E não tinha mais contato com ninguém. Passava o dia a se esconder.
     Quando um dia, no auge de seu tormento, ela pensou: “é o fim!”.
     Tratou de fazer para si mesma um caixão. Não queria incomodar a ninguém.
     Sob a sombra do Jequitibá, arrumou sua mortalha, e como que agonizando, se deitou, esperando não mais acordar.

     Ninguém sequer notou.
     Ninguém procurou por ela.

     No segundo dia, parecia ainda estar dormindo. Já no terceiro, comecei a me preocupar. Será que ela estava deitada ali todo aquele tempo? Ou será que quando eu não estava por ali ela dava um jeito de sair um pouquinho?
     
     Oito dias se passaram.
     Eu estava a velar seu corpo.
     
     Eu enxugava minhas lágrimas ressentido pela morte daquela jovem, com quem tão pouco contato tive, mas por quem me apeguei ao longo do tempo em que a observei com tanto carinho.
     De repente, vi sua manta se mexer. A poeira caiu e pela ponta da mortalha vi um par de antenas sair. 
     Era a minha querida Pupa.
     Ela estava muito diferente. Sinceramente: um espetáculo para meus olhos. Agora tinha asas cor de fogo, com detalhes negros e laranjados, patas negras finas, pequenos cabelos escuros, e olhos que mudavam de cor conforme o ângulo da luz.
     Abriu suas asas, sacudiu-as para que secassem, olhou-me por um segundo e voou.

     Quem diria: quando a lagarta pensou que era o fim, ela se tornou uma borboleta.

 

Crônica da Menina PupaEssa foi a história da menina pupa, que, quando pensou que tudo estava perdido, renasceu.
Conheci também o homem minhoca, que passou a vida se escondendo e sendo pisado por todos.
A mulher gralha, que falava o dia inteiro.
Vi pessoas cobras, que carregavam veneno em suas bocas…

Será que descrevi uma pupa como se fosse uma menina, ou descrevi uma menina como se fosse uma pupa?
Não importa a forma ou a semelhança de um ser. Apenas importa a sua consciência.
A fábula, ou a metáfora, está mais próxima da realidade, do que podemos imaginar.

Acácio

 

 

Por que somos tão resistentes às mudanças?

mudançasTodos nós vivemos um processo de evolução contínua, mesmo que inconscientemente. O dia a dia, o convívio com as pessoas e as situações que vivemos são campos experimentais onde devemos atuar e estar atentos para aprender os grandes ensinamentos neles contidos. Eis que, quando nos damos conta de determinados conceitos equivocados que possuíamos, deparamo-nos diante da escolha entre o novo e o velho ser. E, muitas vezes, apesar de vislumbrarmos e querermos o novo, resistimos em abandonar o velho. Por que isso acontece?

Vamos imaginar que vivemos há algum tempo em uma determinada casa e, gradualmente, ajeitamos esta casa da maneira que nos é mais prático, aconchegante e acolhedor. E, se olharmos com a devida atenção, o espaço físico de nossa casa reflete o nosso interno, o nosso mental, nossos pensamentos e convicções. Em determinado momento, tomamos a decisão de mudar de casa, seja por qual motivo for. A decisão de mudar é algo que pesamos muito, não é mesmo? Afinal, esse é um processo que requer muito esforço, tirar tudo do lugar, para colocar tudo no lugar novamente! É um processo que requer desapegar-se, pois vislumbramos nosso cantinho seguro. Assim como o ego nos prende a ideias fixas, ele também nos amarra ao apego do que acreditamos que seja nosso.  Olhamos para a mudança como algo doloroso. E, com isso, passamos a nos distanciar dos nossos desejos mais profundos, mais internos.

Mas então como nos preparamos para essa mudança?
Do começo!

Olhamos para a casa inteira e sabemos que temos que começar por algum cômodo. Aí pegamos a primeira caixa e começamos a encaixotar tudo o que possuímos. Nesse exercício, temos a oportunidade de olhar para cada objeto, fazer um exame para ver se realmente precisamos dele e tomar a decisão de descartá-lo ou levá-lo conosco para a casa nova. Começamos, assim, a exercitar o desapego. Coisas que não servem mais devem dar lugar às oportunidades novas, com as quais possuímos mais afinidade e que vão de encontro com o nosso processo atual de evolução. Pois bem, quando começamos o processo de embalar nossos pertences, temos a falsa impressão de que nunca terminaremos. No começo, somos mais diligentes, mas, conforme o tempo urge, começamos a negligenciar alguns processos e acabamos por levar para a casa nova muita coisa que nem precisávamos. Não seria assim em nossas vidas também? Todo começo de ano, colocamo-nos o propósito de fazer várias mudanças em nossos hábitos e começamos com muito ânimo e entusiasmo. Mas, conforme o ano passa, esquecemos nossas promessas e voltamos à nossa velha rotina. Por que não executamos as mudanças às quais nos propusemos? Ainda, por quê colocamos uma delimitação de tempo para começarmos nossa mudança? Porque é mais cômodo deixar para depois. Talvez porque saibamos que, a partir do momento quepassamos a ter mais consciência e autoconhecimento, passamos também a ter maior responsabilidade pelas nossas vidas.

Pois então, voltando à mudança de casa, depois de todo o exercício de seleção e embalagem, chega a hora da mudança em si, onde todos os nossos objetos encontram-se em caixas e devemos começar a organizar, um a um, e achar um novo lugar para cada um deles. Colocamo-nos o propósito de sermos mais organizados e tentamos fazer com que o novo lar seja mais aconchegante e organizado do que o anterior. Mas, mesmo com todo o processo de mudança, conseguimos mudar os nossos hábitos?

Se pensarmos que o nosso corpo material, juntamente com a nossa mente, é o lar do nosso espírito, será que, ao menos, tentamos fazer com que esse lar seja o mais aconchegante e agradável para o ser mais ilustre de nossa existência? Não deveríamos fazer o mesmo exercício de olhar para cada pensamento, sentimento, lembrança, convicção, preconceito, conceito dentro de nós mesmos, a fim de flagrá-los em atuação e selecionarmos os que nos servem e os que deveriam ser descartados? É simples: se esse pensamento não te faz sentir bem, mude o pensamento. Se esse sentimento lhe causa dor, mude o sentimento. Se o que você está fazendo o coloca em conflito consigo mesmo, mude de atitude! As pessoas tendem a achar que “é assim que tem que ser”. Entretanto, sempre há algo que podemos fazer quando realmente decidimos mudar.

Vamos partir do pressuposto que tenhamos feito esse autoexame e tenhamos identificado algo que devemos mudar, abandonar, porque compreendemos que será importante para o nosso processo, para que sejamos mais livres, para que sejamos mais felizes. Quão dispostos estamos a deixar a complacência de lado e a efetuar, de fato, essas mudanças?

Vejam como a natureza é sábia e nos ensina através de suas transformações contínuas. A lagarta nasce do ovo da borboleta. Come e cresce rapidamente, antes de passar pelo estágio que se chama crisálida ou pupa. Nesse momento, a lagarta sabe que deve passar por um grande processo de transformação, de mudança. Ela para de se alimentar e pacientemente constrói seu casulo, onde passará um tempo se preparando para se tornar uma borboleta. Quando o momento chega, ela abandona seu casulo e abre suas maravilhosas asas e vive o que ela veio para viver desde que nasceu: a liberdade. A borboleta alça voo.

Através da natureza aprendemos tudo o que precisamos para nos tornarmos seres mais livres e felizes. Ao iniciar seu processo, a lagarta nos ensina, em primeiro lugar, a confiança e a entrega. Ela sabe que algo muito maior a espera e, para que isso seja realidade, ela inicia um processo de trabalho árduo e direcionado ao bem maior. Ela já determinou dentro dela o que vai acontecer. Ela começa uma construção complexa, que exige muito esforço, que servirá de abrigo durante o tempo necessário para que suas asas se desenvolvam.

Porém, ao final desse processo, a borboleta olha para o casulo, com gratidão e reverência à proteção que este lhe deu durante essa fase, e compreende que está na hora de abandoná-lo, que isso é fundamental para que a linda e colorida borboleta possa desabrochar. Claro que neste momento a borboleta não tem controle do que acontecerá do lado de fora do casulo, mas ela trabalhou dentro de si as condições necessárias para determinar o controle em seu interior, e determinar como irá se comportar em relação a esse estímulo exterior. Ela confia, acredita. E isso é fundamental.  Primeiramente, devemos fazer existir dentro de nós aquilo que queremos, o máximo possível fora das artimanhas do ego. Durante o nosso processo, quantas vezes flagramos nosso ego construindo um grande muro ao nosso redor, que nos dará a falsa impressão de segurança e nos serve de esconderijo? Mas, será que, ao percebermos que vivíamos em um castelo feito de cartas de baralho e que podemos morar em um lindo castelo sólido de pedra, conseguimos abandonar e derrubar as cartas e nos aventurar a trilhar o caminho que nos levará até o castelo que representa nossa verdadeira morada?

É muito difícil abandonar a construção anterior, afinal de contas construímos com tanto afinco! Quando nosso ego se enreda na construção de uma grande ilusão, ao percebermos, é como se o chão começasse a ruir. Mas, somente derrubando as falsas bases da ilusão, é que conseguiremos ser realmente livres para construir as bases sólidas e firmes da verdade e do amor. Interessante ver como nos apegamos até mesmo às coisas ruins, que não queremos abandoná-las, mesmo sabendo que isso é fundamental. E, se observarmos, veremos que as situações que nos deixam em conflito interno tendem a se repetir ao longo dos dias. E o que acontece quando estas situações se repetem? Repetimos os mesmos padrões. Por que será que estas situações sempre se repetem? Será que não é para nos alertar e nos ensinar que precisamos mudar de atitude em relação a elas?

Imagine que queiramos chegar ao outro lado de um rio e o único caminho são as pedras na água. Olhamos desconfiados para a primeira pedra e arriscamos apoiar o primeiro pé, testando sua segurança. Quando confiamos que essa pedra nos servirá de base firme, firmamos os dois pés nela, mas já temos que olhar para a próxima pedra e repetir o mesmo procedimento, sempre deixando a pedra anterior para trás e entendendo que, sem ela, não teria sido possível chegar onde estamos. Mas o objetivo é atravessar o rio, não é mesmo? Então, ao mesmo tempo que cada pedra cumpriu sua função e foi importante nesse processo, devemos tentar alcançar a próxima e a próxima, até que consigamos chegar onde queríamos chegar.

Se observarmos, existem muitos exemplos na natureza que nos mostram que é preciso mudar. Além do exemplo da borboleta, temos o caso da lagosta, que vive tranquilamente no fundo do mar, protegida pela sua couraça dura e resistente. Mas, dentro da couraça, a lagosta continua a crescer. Ao final de um ano, a sua casa fica pequena e ela tem de enfrentar um grande dilema: permanecer dentro da couraça e morrer sufocada ou arriscar-se a sair de lá, abandonando-a, até que seu organismo crie uma nova couraça de proteção, de tamanho maior, que lhe servirá de proteção por mais um ano.

Vagando no mar sem a carapaça, a lagosta fica vulnerável aos muitos predadores que se alimentam dela. Mesmo assim, ela sempre prefere sair. Dentro da couraça, que se transformou em prisão, ela não tem nenhuma chance. Fora, sim.

Muitas vezes, ao longo da vida, nós nos fazemos prisioneiros das couraças que são os nossos hábitos repetitivos, os condicionamentos alienantes, as situações nas quais nos acomodamos, mas, que exauridas e desgastadas, nada mais têm para nos oferecer.

E acabamos, por falta de coragem de mudar, nos acostumando ao tédio de uma vida monótona que, fatalmente, como a velha couraça da lagosta, acabará por nos sufocar. Façamos como a lagosta: abandonemos a velha e apertada couraça e saiamos em busca de uma nova. Mesmo sabendo que, por algum tempo, estaremos desprotegidos ao enfrentarmos uma nova situação.

Abraçar o novo implica em abandonar o familiar, a rotina confortável e as expectativas usuais e lançar-se ao desconhecido. Implica em conhecermos nossos desejos mais profundos, nossa verdadeira identidade. Só assim seremos livres. Só assim conheceremos a verdade.

Toda mudança, contudo, nos traz um estresse, ou seja, criamos um problema ilusório que a mente acha que precisa resolver. Sim, os nossos pensamentos e convicções criam nossa realidade. Os problemas só existem dentro da mente, a verdadeira natureza dos nossos problemas são as sensações desagradáveis que sentimos e estas fazem parte somente da nossa mente. E, na verdade, o problema não existe. O que existe são as sensações que passamos a alimentar diante de um acontecimento e isso tudo faz parte de nossos apegos.

A vida é movimento onde tudo se transforma, tudo passa, tudo muda o tempo todo e cabe a nós aceitarmos e incorporarmos essas mudanças. Claro que isso não precisa ser radical, pois é necessário que respeitemos nossos limites. Antes mesmo, precisamos ampliar nossa consciência, e conhecer quais são os pensamentos, as atitudes, os hábitos que desejamos mudar. Crescer é um processo natural e conhecimento profundo não cabe em mentes rasas, portanto, se nosso conhecimento evolui a cada dia, porque não queremos largar nossas couraças?

A proposta aqui é que consigamos vislumbrar que a liberdade implica em abandonar velhos conceitos, as velhas muralhas que nos dão a falsa impressão de segurança. Que consigamos compreender e aceitar que, para que consigamos viver o novo de fato, é necessário abandonar o velho.

Voltando ao caso da lagarta, devemos seguir seu exemplo. Ao vislumbrar a borboleta que podemos nos tornar, o primeiro passo é aceitar e confiar. A partir daí, começamos a trabalhar para que a borboleta seja uma realidade; ou seja, precisamos nos entregar. E, nesse processo de entrega, devemos compreender que há um período de espera, de paciência, de vigília, onde nem sempre devemos sair por aí derrubando tudo de velho que havia dentro de nós, pois o processo é gradual. Ao observarmos o processo da lagarta e da borboleta, temos a impressão equivocada de que a transformação se deu de uma hora para a outra, mas a verdade é que houve toda uma preparação da lagarta, desde o momento em que ela nasceu, quando ela começou a comer muito para se preparar para a construção do casulo. O casulo foi construído e ela passa pela fase de espera, de paciência, de entrega. Só então, ela se alimenta e descarta o seu próprio casulo e arrisca abrir as suas assas pela primeira vez. Ele merece voar, porque soube a hora de atuar e soube também a hora de esperar.

Imagine que estejamos em um grande elevador panorâmico no centro de uma cidade. No primeiro andar, temos uma visão limitada, vemos algumas casas, lojas. Mas é seguro, afinal, estamos próximo ao chão. Conforme vamos atingindo andares superiores, vislumbramos o quanto a cidade é grande, quantas coisas diferentes há, e como tudo faz parte de um todo. Agora, podemos estabelecer que esse elevador panorâmico esteja inserido no contexto da nossa vida. Conforme ampliamos nossa consciência, ampliamos nosso conhecimento. Quantas coisas lindas passam a estar ao alcance dos nossos olhos? Quanta coisa aprendemos? A visão que tínhamos nos primeiros andares não importa mais, é passado. Agora que conhecemos muito mais, temos a oportunidade de fazer melhor a cada dia. Temos a oportunidade de sermos cada vez mais felizes, e nos libertarmos daquela visão limitada. Percebemos que há muito mais nos esperando se decidirmos subir através dos andares. Sempre lembrando que a subida acontece de andar em andar. É gradual e contínua, e exige coragem. Conhecer o que existe nos andares superiores só depende de nós mesmos.

O ser humano sofre constantemente porque criou uma imagem ilusória de como as pessoas precisam ser. Ele tem uma imagem do que é apropriado e do que não é. Ele tem uma imagem preconcebida de como o seu parceiro, os membros da sua família, seus amigos, o seu chefe e todos os outros devem se comportar para que sejam felizes.

Sente-se incapaz de se adaptar às mudanças constantes no seu universo, ao invés de se render a cada momento, e aceitar o fato de que o que está ao seu redor sempre mudará. Ele tende a encarar tudo pelo lado pessoal e perceber as coisas como inadequadas, como falta de cuidado ou falta de respeito.

Nós estamos tão apegados em receber a aprovação e o apoio de todos ao nosso redor, tão dependentes do modo como se comportam, que quando eles mudam, sofremos. Mas, voltando ao exemplo do elevador, eles escolhem ficar, permanecer nos primeiros andares da vida. Talvez tenham medo da altura! Mas você sabe que pode confiar. Cabe a você decidir se quer acompanhá-los ou conhecer os andares superiores.

O ser humano é tão apegado ao que possui, mas quando este se ilumina, ele percebe que a única liberdade está em se entregar a cada momento. Através da expansão da consciência, recebemos mais dádivas e ensinamentos do universo. Não existe certo ou errado. Existe aquilo que cumpre o propósito de onde se quer chegar. Tudo simplesmente é, e nós todos estamos criando com perfeição, para experimentar a vida com toda sua controvérsia e magia.

As mudanças incomodam porque nos tiram da zona de conforto. Porque nos vemos obrigados a abandonar velhos conceitos, mas elas são necessárias! E elas acontecem de dentro para fora. Já que nós criamos nosso próprio universo, então façamos as nossas escolhas de maneira que caminhemos rumo ao que queremos ser. E, através da verdadeira mutação interna, transformaremos o nosso universo em um universo perfeito, porque, assim como a lagarta nasceu para voar, nascemos para ser livres e felizes.

Juliana Kurokawa

A Lição do Perdão

      Certo dia, o mestre recebeu a visita de um homem que andava deprimido.O sábio convidou-o a sentar-se e pôs -se ao ouví-lo enquanto lhes servia chá:
      – Mestre, minhas lembranças me revoltam. A todo momento me lembro do mal que já me fizeram e isso me abala. Por vezes fico triste. Outras vezes furioso…
      Sem sequer piscar, o mestre lhe respondeu:
      – Perdoe e esqueça.
      A feição do homem mudou:
      -Senhor, não sou feito de pedra! Como pode dar um conselho assim para alguém como eu, que passou por tudo que já passei? Estou por demais magoado e ferido para ser capaz de simplesmente “perdoar e esquecer”. Para o senhor pode parecer fácil, pois vive aqui na montanha meditando… Mas eu ainda sou humano!
      O mestre olhou para o chá. Bebeu um gole e disse:
      – Nesse caso, você tem outra opção: não perdoe e não esqueça. Mantenha vívido cada detalhe tormentoso do passado. Fale sobre o problema. Sonhe com ele, até que isso te impeça de dormir e tenha que tomar remédios para não virar um zumbi por falta de sono. Chore bastante e sinta pena de si mesmo. Perca peso e apareça perante seus amigos com uma aparência pálida e abatida, para que eles se preocupem com você. Ligue para todos afim de desabafar, até que ninguém mais te atenda. Tome a palavra em toda roda social que encontrar e interrompa os assuntos alegres que os outros estiverem conversando, para divulgar o quanto é infeliz e injustiçado. Você pode também desenvolver uma úlcera, uma enxaqueca, lesar o joelho… Qualquer coisa que cause dor e o ajude a lembrar-se de tudo que aquele monstro ou monstra fez a você. Se achar esse conselho mais coerente e preferir seguí-lo, esteja certo de que terminará miserável, doente, amargurado e só.

lição do perdãoMuito ouvimos falar sobre o perdão aonde quer que busquemos orientação espiritual. Porém, quanto o praticamos?
Jesus já dizia, que não só sete vezes deveríamos perdoar um irmão, mas até setenta vezes sete.
Perdoar 490 vezes pode parecer uma utopia para nós, cujo primeiro perdão já parece um sacrifício.

Essa era mais uma metáfora de Jesus.  Metáfora essa, que Mahatma Gandhi compreendeu profundamente.
Após violência, opressão de seu povo, prisão e maus tratos, uma vez lhe perguntaram: “Gandhi, você consegue perdoar aqueles que oprimiram à Índia e a você de maneira tão dura?”. E ele respondeu: “não tenho a quem perdoar, porque a mim, ninguém ofendeu”.
Esse é um bom exemplo de estado de paz interior a se almejar e construir: a não-ofendibilidade.
Mas como não se sentir ofendido quando, por dentro, o que realmente se quer é a vingança?

Talvez nossa verdadeira função na vida seja a de perdoar…
Já parou para refletir sobre isso? O perdão é uma atitude que vai muito além do que imaginamos, pois as transformações que ocorrem na vida de quem o pratica e busca compreendê-lo, atingem exatamente todas as áreas da vida.
Pode ser muito difícil perdoar quando existe ainda uma idéia contrária à consciência una. A ideia de que somos separados uns dos outos.
Essa ilusão de separação nos faz condenar ao próximo e vê-lo como opressor e carrasco.
Porém, se enxergarmos que somos todos um só, veremos que não condenamos a ninguém, a não ser a nós mesmos. Repare que quase sempre, as pessoas que têm mais dificuldade de perdoar aos erros de seus semelhantes, são geralmente as pessoas que não perdoam a si mesmas. E sempre estão mal, já percebeu? 

Hoje muito se ouve falar de doenças auto-imunes. Essas, são quadros clínicos que ocorrem quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano. Assim diz a medicina material.
Mas como acha que nascem as doenças auto-imunes se focarmos no que se passa nos pensamentos e sentimentos de tal paciente?
É simples: basta cair na armadilha de não perdoar. Basta manter uma condenação para com alguém que lhe decepcionou. Isso lhe ensina a não perdoar a nada e a ninguém, e quando em algum momento de sua vida, você falhar duramente, não conseguirá perdoar a si mesmo. Tais doenças de auto-ataque podem surgir para lhe fazer reconhecer que em seus pensamentos, você busca se auto-punir.

Embora consequências assim sejam dolorosas, a função de tudo isso, é a de levá-lo de volta a Deus, ou à consciência una. Toda dor, é um movimento do universo para lhe fazer o bem.
Em Deus, onde somos todos um, não há separação. Logo, não seria prudente que houvesse julgamento ou condenação em tal união. Condenar ao outro torna-se visivelmente um golpe contra si mesmo.

Portanto, perdoemos enquanto podemos fazer essa escolha por bem. Pois quando tivermos que fazê-la por mal, poderá ser tarde demais.

Acácio

A Horta do Amor

A Horta do AmorQuando encontramos o amor, encontramos na verdade, a oportunidade de amar. A oportunidade de praticar pelo outro tudo aquilo que gostaríamos de receber.

Eu compararia o amor a uma horta.

Muitos podem olhá-la como uma fonte de alimento, mas assim que extraem da horta tudo o que queriam comer, deixam suas plantas secarem até morrer, e colocam por conta dos corvos e ratos a tarefa de fazer tudo desaparecer.

Muitos outros podem olhá-la como algo trabalhoso, e pensar que melhor do que trabalhar por um bom alimento, seria ir ao mercado comprar produtos envenenados, que já vêm prontos para o consumo, e que pouco a pouco te tornam uma pessoa intoxicada, e mais próxima da morte.

Somente o hortelão entende o amor. Vê na horta a oportunidade e a benção de poder amar. De nutrir suas plantas com adubo, água e amor diariamente. Sabe que cada gota de suor que derrama sobre a terra, eliminando pragas, acariciando-a com a enxada e espantando os corvos, irá resultar num alimento saudável que o nutrirá fartamente, dando-lhe uma vida longa e harmoniosa.

Assim é com o amor. Engana-se aquele que o enxerga como um sentimento, de prazer ao ser bem servido, e de prazer ao ter suas ilusões e projeções saciadas.
Amor é plantio, cultivo e colheita de algo real.
Não é a horta que é boa. A horta é boa porque seu hortelão a cuidou para que fosse.

Exijamos menos das pessoas que amamos, e percebamos que só colheremos delas aquilo em que nelas plantarmos.
E veremos que em qualquer espaço cabe uma horta para quem quer ser hortelão.

Acácio