Arquivo do autor:Acacio Rocha Dias

Relacionamento a Dois

“…e viveram felizes para sempre!”relacionamento a dois

Vocês já repararam que todo conto de fadas começa com uma trama complicada, na qual existem muitas barreiras, monstros e pessoas malévolas querendo impedir que o mocinho seja feliz com a mocinha? E que, depois de muitas batalhas, lutas, suor e força, eles finalmente conseguem viver o tão conhecido “felizes para sempre”?

Pois é, esse é sempre o final da história: “..e eles viveram felizes para sempre”. Como esse final feliz se dá sempre a partir do ponto em que os dois se encontram, ficamos com a falsa impressão de que o simples fato de eles se gostarem basta para que a alegria e a harmonia sejam eternas.

O fato é que esqueceram de nos contar que o verdadeiro desafio começa exatamente depois desse ponto, depois que eles passam a se conhecer. A vida a dois requer muito cuidado, atenção, respeito, e requer que se esteja disposto a ser cada dia melhor. É buscar o crescimento contínuo, onde um contribui com o crescimento do outro. E que tal irmos um pouco além? Dentro do contexto dos contos de fadas, percebemos que a verdade é que os vilões estão dentro de cada um dos protagonistas. As verdadeiras batalhas devem ser travadas no interno de cada um.

Buscamos desesperadamente o nosso par ideal sem nos dar conta de que, antes que isso aconteça, é necessário estar em comunhão com a própria alma. Ao procuramos um parceiro, também procuramos uma forma de preencher um imenso vazio.  É como se quiséssemos preencher um buraco na parede de concreto com água. Como eles não são feitos da mesma matéria, a parede vai continuar com o seu buraco e a água vai escoar. Não dá para preencher o vazio de uma pessoa com o que tem no outro. Devemos nos livrar do conceito equivocado de que somos metades em busca de outra metade. Isso faz parte do amor literário, aquele dos contos de fadas, e não do amor real. Ao pensarmos que somos metades de alguém, acabamos por deixar o outro preso nas nossas expectativas. O outro passa a ser um personagem para nos agradar, para suprir as carências que temos, para preencher os buracos internos! Mas ninguém tem a obrigação de ser um personagem para ninguém, não é mesmo? Então, não seria justo que quiséssemos ser inteiros para poder oferecer um ser completo à pessoa que se ama? Não seria essa a verdadeira extensão do amor?

Então, fica claro que, quando a busca no outro é de preencher o vazio que nos aflige, o relacionamento já está fadado ao fracasso. Estaremos predestinados a viver uma ilusão, um conto de fadas; porém, sem o “felizes para sempre”! Fica portanto evidente que cada um de nós deve buscar compreender o que de fato significa estar em comunhão consigo mesmo. Somos uma obra divina, e como a ideia sugere, isto significa que devemos construir. E essa é a maior obra de nossas vidas: construir o que se quer ser! Para uma vida a dois, é necessário que cada um faça de si mesmo um pilar firme que sustente tudo o que envolve essa nova possibilidade. É fundamental ter coragem de olhar para as nossas feridas com sinceridade, e procurar em nós mesmos a cura. Não temos o direito de delegar ao outro esta responsabilidade.

Parece batido o conceito que tanto ouvimos de que precisamos aprender amar a nós mesmos antes de querer amar ao próximo. Mas será que compreendemos o que isso quer dizer? Como podemos desenvolver o amor-próprio se, quando olhamos para dentro, encontramos apenas fragmentos e resquícios de um ser incompleto? O amor por nós mesmos é necessário, porque somente através dessa compreensão e desse sentimento pleno, poderemos oferecê-lo para outra pessoa. Afinal, só oferecemos aquilo que temos. Experimentamos o verdadeiro amor primeiramente no interno para depois experimentá-lo no externo. Esse amor será então uma maneira de estender uma pessoa na outra. Quando presenteamos alguém, por acaso entregamos um presente incompleto, com uma parte faltando? Seria como presentear alguém com flores sem pétalas, uma caixa de bombons vazia, um relógio sem ponteiros…

Se amor é extensão, por que queremos somente receber da pessoa supostamente amada? Por que criamos tantas expectativas de que nossa felicidade depende dessa outra pessoa? É importante ter cuidado com essa dependência, pois corremos o risco de “amar” a pessoa não como ela é, mas como gostaríamos que ela fosse. Saint Exupery escreveu: “você é responsável por aquilo que cativas”. Veja que somos responsáveis por aquilo que cativamos e não proprietários. O sentimento de posse nasce justamente porque projetamos no outro a responsabilidade por preencher nosso próprio vazio. A insegurança surge, porque a possibilidade de o outro não nos pertencer nos fará encarar o fato de que somos incompletos.

Porém, apesar de sermos seres perfeitos em potencial, ainda estamos em processo de desenvolvimento e aprendizado. É claro que ainda cometemos muitos erros, e estes, muitas vezes, são incompreendidos por nossos parceiros. No conto de fadas, esqueceram também de nos contar que o príncipe acorda de mau humor e que a princesa tem TPM. Temos temperamentos diferentes e é natural que haja divergências de ideias. Mas, quando essas surgirem, é fundamental que se tenha elementos que ajudem a resolvê-los com muito amor. A compreensão e respeito mútuo fazem com que o amor seja descoberto conforme as qualidades e defeitos passam a ser conhecidos, pois isso sim é realidade. A ideia de perfeição faz parte da ilusão dos contos de fadas.

O verdadeiro amor não é doído, sofrido, mas sim alegre e leve! O verdadeiro amor se expressa quando as coisas estão em ordem! É equilíbrio, é liberdade. Se amamos alguém, devemos amar esse alguém exatamente porque ele é livre. E, em sendo livre, o amamos porque suas escolhas vão de encontro ao crescimento de ambos. Um relacionamento saudável deve levar ao crescimento individual, em que um impulsiona o outro a querer ser melhor a cada dia.

Muitas vezes iniciamos um relacionamento pelo instinto. É natural que procuremos um par, já que somos dotados do instinto de perpetuação da espécie. Mas sabemos que somos muito mais complexos do que os outros animais e o físico nunca vai nos satisfazer por completo. E até o relacionamento físico é algo que devemos cuidar e cultivar. Todos os aspectos são importantes para que a obra seja completa.

Se encararmos o relacionamento como a obra de uma casa, faremos o nosso melhor, pois é lá que iremos morar. E toda casa requer constantes reformas, mudanças, nem que sejam apenas melhorias, ampliações para que esta se torne um lugar cada vez mais aconchegante. E por quê decidimos construir essa casa? Porque queremos fazer dela um lar. Um lar onde nossas almas, agora não viverão mais sozinhas, onde abrigaremos nossos filhos e onde realmente seremos felizes para sempre, desde que mantenhamos a observação e o cuidado constante. É alentadora essa possibilidade, não é mesmo? Então, faça dela uma realidade, pois os relacionamentos foram feitos para isso: para, através da comunhão do masculino e do feminino, estarmos mais próximos de Deus.

Se você não estiver neste caminho, reflita sobre isso. Olhe para dentro, em primeiro lugar. Os relacionamentos baseados na ilusão tendem a ter outros destinos: eles podem terminar de forma drástica, causando muitas feridas; ou podem ter o final “… e viveram aprisionados para sempre.”

Autores: Willian Tello
Juliana Kurokawa
Revisão: Débora Corrêa

 

 

O que podemos alcançar através de nossa observação?

Já lhe ocorreu que, para conseguirmos ver nossa própria imagem, precisamos de um espelho? Que então o que vemos, através do espelho, é apenas um reflexo? E que, muitas vezes, não conseguimos captar quem realmente somos, porque, ao olhar diante de um espelho, imediatamente nos tornamos conscientes de nossa própria observação e perdemos a espontaneidade?

Levando isso à nossa outra realidade, além da física, nos perguntamos: seráespelho que possuímos algum espelho capaz de mostrar o que habita os recônditos da nossa alma? Nunca nos foi ensinado a olhar para dentro… Com base nisso, fica a questão: será que tudo o que vemos e as pessoas com as quais convivemos não funcionam como um espelho? Não seria outra forma de identificar o que há de nós mesmos em tudo que nos rodeia?

Compreendemos que o convívio humano é uma maneira de identificar o próprio reflexo e uma oportunidade de melhorar a cada dia. Se as pessoas que aparecem na nossa vida não aparecem por acaso, é porque existe um motivo para encontrarmos e convivermos com elas. Se estivermos abertos para isso, estas pessoas irão nos ensinar a melhorar onde mais podemos falhar. O aprendizado é mútuo, mas precisamos estar atentos aos sinais.

Certa vez nos foi ensinado que, se identificamos o mal em outra pessoa, é porque o mal está dentro de nós mesmos.

Em contrapartida, também ouvimos de uma psicóloga que, quando alguma característica de alguma pessoa nos incomoda de maneira especial, isso nem sempre quer dizer que é porque temos essa característica dentro de nós mesmos. Isso pode ocorrer pelo fato de que atraímos pessoas com características opostas às nossas, para que alcancemos um equilíbrio. A natureza está sempre em busca de equilíbrio. Por isso, muitas vezes, personalidades opostas, porém complementares, se encontram e convivem em harmonia.

Foi refletindo sobre estes assuntos que decidimos escrever esse artigo.

Diante destes conceitos, pensamos o seguinte:

Muitas vezes olhamos para as pessoas à nossa volta e identificamos uma deficiência e nos é tão claro que ela está equivocada! Olhamos para ela e pensamos: “não sou assim!”. Porém, será que não travamos grandes batalhas internas diárias justamente para não nos sentirmos assim? Será que, ao identificar tal deficiência no outro, não identificamos a mesma deficiência ou, ao menos, uma sombra desta, dentro de nós mesmos e, por isso, lutamos tanto para sermos diferentes? Por exemplo, quando falamos: “Não quero sentir raiva!”; isso significa que o sentimento de raiva já está lá dentro de nós. Se não estivesse, não teríamos verbalizado o desejo de eliminar esse sentimento.

Talvez essas pessoas apareçam em nossas vidas para nos recordar de que a nossa batalha interna é contínua. E a nossa observação se faz essencial, pois nos permite estar atentos e renovar as forças para as novas batalhas que virão.

É provável que, apesar de nossa observação constante, esses pontos ainda não estejam muito firmados dentro da gente. Isso significa que podemos escorregar neles e repetir as atitudes que não gostamos. Então, através dessas pessoas, vamos detectando onde a batalha precisa continuar para que o aprendizado seja fixado. Reconhecemos que somos e em quais situações somos falhos, mas isso não quer dizer que estamos imunes de errar outras vezes nesses pontos.

Por exemplo, o ladrão vem para nos ensinar o desapego. Os filhos nos ensinam a ser tolerantes. Ou seja, ao ver um ladrão agindo, mais que mostrar que há um ladrão em nós (e há), pode nos ensinar a prática do desapego, pois damos importância demais às coisas materiais. As pessoas ansiosas e aflitas nos ensinam a manter a paciência e a confiar. As pessoas que se vitimizam nos ensinam a evitar projetar nossos problemas nos outros, e que tudo que sentimos é resultado do que somos e pensamos.

Por outro lado, existe também a questão do observador. Somos todos observadores, e temos aprendido que o papel do observador é fundamental no processo da realidade.

O livro Um Curso em Milagres diz que o observador reforça no outro as “qualidades” que estão sendo observadas. Ou seja, o fato de observarmos determinada deficiência em alguma pessoa reforça nela essa mesma deficiência. Da mesma forma, quando observamos uma virtude em alguém, reforçamos nela essa virtude.

E qual é a nossa busca? O que, de fato, nos move? Buscamos constantemente nos harmonizar e “entregar o controle” ao Divino que habita em cada um de nós. Ao percebermos em nós o Divino, o próximo passo é estender esse conceito aos nossos irmãos. Assim, a pessoa que observamos e julgamos equivocada é uma pessoa divina, perfeita, pois o Divino que há em nós há nela também (Somos todos Um). Ao observar nela o Divino, passamos a reforçar nela essa qualidade divina. Obviamente algumas pessoas vivem um processo de não entender, conhecer ou observar isso. Mas é um processo, e cada pessoa tem seu tempo e, uma vez que o tempo não existe, é então algo irrelevante.

Enquanto buscamos o Divino dentro de nós mesmos, devemos compreender que nossas limitações são, na realidade, as limitações de nosso ego. Focar no Divino significa mudar a observação. Direciono a minha atenção para o divino, tirando a atenção do ego.

Diante disso, uma maneira de ajudar as pessoas seria mudando nossa própria observação. Nesse processo, temos a oportunidade de, por exemplo, ao lidar com uma pessoa vitimizada e que projeta nos outros suas frustrações, reforçar em nós as qualidades opostas, sendo pacientes, amorosos com ela, ainda que as atitudes dela sejam totalmente contra essas qualidades.

É nossa função, como trabalhadores da luz, transformar a realidade em que vivemos. Qual seria uma oportunidade melhor do que com as pessoas do nosso convívio?

Todos já ouvimos falar da dualidade que vive em nós, mas é uma dualidade ilusória. Quando trazemos uma falha de nosso ego à consciência e deixamos de observá-la, nós literalmente acordamos do sonho. Só o bem existe, tudo o mais é ilusão. Enquanto sonhamos, acreditamos que tudo aquilo era real, mas, quando acordamos, percebemos que havia coisas fora do lugar. Esse é o despertar espiritual, perceber que estamos observando errado, que precisamos mudar nosso prisma de observação.

Com isso, fica claro o conceito que já ouvimos tantas vezes: “se queres salvar o mundo, comeces por ti mesmo”. Quando buscamos despertar espiritualmente, reconhecemos o Divino que habita em nós e nossa conduta condiz com esse objetivo maior. A caminhada é para dentro. Buscamos mudar nosso referencial interno para que sejamos capazes de mudar nossa percepção do que está do lado de fora. Se ao observarmos o mundo, o fazemos de acordo com o que possuímos internamente e, considerando que reconhecemos somente o bem, consequentemente nossa visão focará somente no bem. Mudar o nosso interno é a única maneira de mudar o externo. A mudança sempre vem de dentro para fora.

Por isso, ao pensarmos que tal pessoa poderia ser diferente, convidamos a refletir sobre o que poderíamos mudar dentro de nós mesmos para que esse pensamento se torne uma realidade. Ao perdoarmos as outras pessoas, estamos perdoando a nós mesmos.

Escrito por: Juliana Kurokawa e Willian Tello

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Nos unamos, em alegria, com amigos e parentes, voltemos nossa atenção na mesma direção com entusiasmo! Porém, ao invés de olharmos para uma televisão, viemos propôr que olhemos todos para dentro de nós mesmos.

Através de artigos, vídeos e diversos materiais, estaremos de agora em diante partilhando nossas experiências e visões a respeito da jornada interior. Há anos buscamos compreender a vida, a mente e o universo, e chegamos a um ponto no qual se tornou muito visível que o próximo passo de nossa compreensão se dará por meio da unidade com as pessoas ao nosso redor, compartilhando um pouco de nossas consciências, afim de unir todas numa só.

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